Enchentes

Moradores do Laranjal enfrentam longas distâncias a pé na água para verificar suas casas

Caminhadas são feitas para buscar bens, resgatar animais e verificar o estado das residências; devido aos alagamentos, o tráfego de veículos é impossibilitado

Foto: Jô Folha - DP - Isabel Guedes voltou em casa para buscar o gato de estimação, Frajola, que ela não havia conseguido resgatar antes

O sábado (18) de sol, que poderia ser de descanso e de contemplação do dia bonito de frio, para parte dos moradores do Laranjal foi de enfrentar caminhadas por várias quadras inundadas para a verificação de suas casas e a busca de roupas, entre outros itens pessoais. Alojados em residências de amigos e familiares, eles têm ido de carro até a rua Santo Ângelo, próximo à esquina com a Rio Grande do Sul, e percorrido o restante do trajeto até os balneários a pé devido à impossibilidade de tráfego dos veículos. 

Os moradores têm vivido com o sentimento de impotência diante da água invadindo suas casas e destruindo os seus bens, assim como com a preocupação em razão da falta de perspectiva sobre quando vão poder retornar definitivamente para seus lares. Enquanto isso, muitos deles enfrentam periodicamente a água que toma conta das ruas para constatar como as residências estão e se nada foi furtado. Uma dessas pessoas é César Ramos; ele conta que desde que a Prefeitura anunciou que o Laranjal estava em área de risco para inundações ele e a família saíram de casa. 

Na manhã deste sábado, retornou para buscar alguns itens essenciais na rotina e para verificar o local. “Tiramos poucas coisas que deu para tirar e depois não deu para voltar. Agora estou voltando para pegar algumas coisas que é preciso no dia a dia. Até me arrisquei um pouco, está bem fundo ali, na minha rua já deve estar uns 80 centímetros de água e dentro de casa entrou mais ou menos isso aí”, relata. Ramos conta também que viu que a maioria dos móveis foram danificados pela água, algo que nunca tinha acontecido. “Tem muita água, estragou tudo, os móveis incharam, não tem como utilizar mais, se perdeu. Nunca aconteceu de entrar água, isso aí é histórico”, lamenta.

Cenário é de inundação na rua Santo Ângelo. Foto: Jô Folha - DP


Também voltando pela rua Santo Ângelo, estava uma moradora da rua Quaraí. Com as calças arremangadas e os pés sem calçados no chão, direto na água que chegava na altura dos joelhos, quando a temperatura marcava dez graus, Isabel Guedes voltou em casa para buscar o gato de estimação, Frajola, que ela não havia conseguido resgatar antes. “Na minha casa entrou água em tudo, é perda de tudo que tinha dentro, não consegui abrir porque a porta é de madeira, se eu abrir não fecha, mas consegui pegar ele [o gato] na rua”, diz. A moradora ressalta ainda que “valeu o sacrifício” de percorrer uma longa distância sem proteção. “Só até o clube são umas quatro ou cinco quadras”. Isabel conseguiu levar apenas as roupas e alguns poucos eletrodomésticos quando saiu de casa. 

Enquanto a reportagem estava no local, mais uma pessoa chegava no trecho que ainda sobrava sem água na Santo Ângelo. Ao sair do carro, James Rochel vestiu um macacão de pesca, impermeável, e pegou uma mochila para ir até a sua casa localizada na rua Cacequi. Ele está há nove dias alojado no Centro, e a ida até o Laranjal e a caminhada até a residência são feitas frequentemente devido ao temor de furtos. “Já é a quarta ou quinta vez que eu volto lá. Não dá para abandonar, tem um pessoal que está roubando as casas, mas a gente tem um vizinho que vai todos dias cuidar a quadra lá, mas é sempre bom ficar de olho”.

Furtos e situação de móveis, por exemplo, preocupam os moradores da região. Foto: Jô Folha - DP


Ele conta que, quando saiu, a água ainda não tinha chegado na sua casa, estava apenas começando a alagar alguns pontos na rua. Agora, a residência está inundada e a água chega à altura da cintura na via. “Já passou mais de meio metro dentro de casa, a gente conseguiu tirar algumas coisas, mas os móveis fixos, como os da cozinha, não tinha como”, detalha.

Falta de escoamento da água

Em live transmitida na manhã deste sábado, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) abordou a situação dos alagamentos na praia. “A equipe do Sanep chegou a se deslocar ao Laranjal na quinta-feira para tentar fazer uma ação na casa de bombas do Laranjal e uma recuperação daquele dique. Mas infelizmente não foi possível ainda. A altura das águas, as condições, não permitiram que eles fizessem essa intervenção”, explicou.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Aulas da rede municipal de Pelotas seguem sem data de retorno Anterior

Aulas da rede municipal de Pelotas seguem sem data de retorno

Prefeitura alerta para cuidados com esporotricose Próximo

Prefeitura alerta para cuidados com esporotricose

Deixe seu comentário